É mais fácil a gente decidir ir ao shopping center comprar um sapato novo para aquele evento daqui um mês, do que usar esse tempo, por exemplo, para ler um livro. Isso acontece porque decisões que envolvem fatores materiais têm um resultado previsível, enquanto, ao contrário, as imponderáveis são imprevisíveis. Em outras palavras, o sapato eu compro e uso, já o livro eu leio e ganho o que ? É claro que muitos vão encontrar respostas para justificar a leitura de um bom livro, mas bem sabemos que o nosso processo de escolha não funciona assim. Aquilo que é palpável acaba vindo sempre antes, enquanto aquilo que é subjetivo, dada sua imprecisão no resultado, tende a ser postergado ou nem entra na lista de nossas prioridades.
Isso é tão comum que até mesmo frequentar uma faculdade, cuja razão deveria ser o de obter conhecimento, funciona, de fato, como um investimento material, pois a ideia principal é agregar o diploma como um "bem material" ao nosso curriculum profissional.
A má notícia é que ao descartarmos as decisões consideradas subjetivas estamos postergando ou descartando muitos de nossos desejos e prazeres mais profundos, os quais, por desconhecimento, não conseguimos avaliar o quanto nos pressionam de uma forma inconsciente.
Em outras palavras, muita gente tem desejos que conscientemente não sabe quais são e isso faz com que não se contente com nada. Mesmo cercando-se de bens ou de relações afetivas, a maioria superficiais ou emocionalmente dependentes, essas pessoas estão sempre voltadas para "coisas", a ponto de desenvolverem extrema ansiedade que as impede de fazerem algo bem feito.
Por consequência, chegamos à conclusão de que não existe investimento com maior prioridade do que conhecer a si próprio, pois sabendo como "funcionamos" e o que realmente desejamos, podemos tomar as melhores e mais adequadas decisões, sejam elas subjetivas ou materiais.
Por consequência, chegamos à conclusão de que não existe investimento com maior prioridade do que conhecer a si próprio, pois sabendo como "funcionamos" e o que realmente desejamos, podemos tomar as melhores e mais adequadas decisões, sejam elas subjetivas ou materiais.
Por outro lado, se considerarmos a compra do sapato no shopping center e não considerarmos o livro, se considerarmos a festa e não considerarmos aquele "descanso" para refletir, se considerarmos aquele capítulo da novela e não considerarmos aquele encontro com pessoas de "cabeça diferente", é mais do que provável que estejamos descartando eventos que poderiam nos propiciar uma oportunidade de nos conduzir ao caminho que realmente buscamos.
Por isso, trazer nossos fatores subjetivos à luz da nossa consciência, sobretudo dando-lhes o devido valor, é a única forma de encontrarmos algum equilíbrio entre o que está "fora" com o que está "dentro".
Em resumo, autoconhecimento significa trazer para a consciência aquilo que não é visto mas sentido e, ao contrário do que pensamos, é um investimento com resultados precisos, os quais ainda não sabemos quais são até que saibamos quem realmente somos.
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